Comentando o noticiário dos jornais
Jaime Sodré, professor universitário, mestre em História da Arte, doutorando em História Social fala sobre a Nafro, a força da fé, comenta:
"Estamos em tempos contemporâneos, mas sob o signo da intolerância religiosa, tendo como alvo as religiões de matriz africana. (...) A história, registra hoje, no campo de vencer desafios, uma ação exemplar: trata-se da criação do Nafro, merecedora destas linhas. Em agosto de 2005, a competente repórter de A Tarde Cleidiana Ramos registrava {...} ...o final de semana foi histórico para a Polícia Militar {...}... no Colégio Militar {...}... Dendezeiros, foi instalada, oficialmente uma experiência pioneira no Brasil, envolvendo corporações militares: o Núcleo de Religiões de Matriz Africana de Polícia Militar da Bahia (Nafro)".
"A Nafro se propunha dialogar com os segmentos do movimento negro, difundir informações a respeito da história e cultura africana e afro-brasileira, discutir as relações étnico-raciais, criar alternativa de acesso à segurança pública para as comunidades de terreiros de Salvador.(...) Projetos foram empreendidos, mas é importante notificar o papel difusor da idéia Nafro para São Paulo, Rio e implantação no Exército/6a. Região Militar. Aguardamos a Marinha e Aeronáutica. Afinal, os tambores sagrados são três".
Comentando o artigo
Trata-se de uma peça irrepreensível de defesa dos princípios, direitos e interesses do povo africano e afro-brasileiro. Entretanto, nada tem a ver com as funções e responsabilidades constitucionais da Polícia e das demais Forças Armadas Brasileiras que, em nenhuma hipótese, deve exceder os deveres primordiais contidos na Carta Magna. E dentre eles, na condição de instituições laicas, não pode se envolver com questões religiosas, nem com problemáticas étnicas-raciais dos tipos "dialogar com os segmentos do movimento negro, difundir informações a respeito da história e cultura africana e afro-brasileira, discutir as relações étnico-raciais, criar alternativa de acesso à segurança pública para as comunidades de terreiros de Salvador", que devem ter fóruns adequados para trabalhar tais questões - se não os tiver que sejam criados.
Por consequência, a criação da Nafro não é uma ação legal nem exemplar. Por isso não deve ser aceita nas fileiras da Polícia Militar, tampouco nas dos Exército, Marinha e Aeronáutica. Mesmo que os tambores sagrados sejam três... (Queiroz)