Estado
Palestino – Dívida histórica
“Sem uma solução para o
povo da Palestina, não haverá uma solução de segurança para o povo de Israel.” Dilma Rousseff
Nunca antes a
presidente de um país (Dilma Rousseff) mostrou-se tão impactante na defesa do
ingresso pleno da Palestina na comunidade de nações. Aconteceu na
última (2011) assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Constituiu-se
um ato corajoso e perfeitamente coerente com a posição histórica e política do
Brasil quando reconheceu o Estado Palestino, respeitando-se as fronteiras anteriores
às da Guerra dos Seis Dias, em 1967, corroborando as resoluções das Nações
Unidas da época.
Tal
pronunciamento repercutiu como um verdadeiro apoio estratégico ao pedido de
ingresso da Palestina à ONU, como Estado
pleno, feito por Mahmoud Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional
Palestina).
De imediato, os
EUA reagiram criticando o pedido de Abbas, com o argumento que tal decisão é
incoerente com outro pedido em curso, que ainda está sob análise do Conselho de
Segurança (e se depender deste condômino plenipotenciário da ONU – eles são
responsáveis por 22% do orçamento da agência da ONU -, a análise continuará indefinidamente).
Como era de esperar,
Israel, gestor dos interesses norte-americanos no Oriente Médio, também discordou, argumentando tratar-se
de uma "rejeição ao caminho das negociações, assim como ao plano do
Quarteto para continuar o processo político” de tentativa de resolver o enfrentamento
israel-palestino, referindo-se às intermináveis negociações de Paz que,
paradoxalmente, sempre estão conduzindo a mais Guerra – porque, na verdade, não
interessa a Israel e aos EUA acabar o conflito porque só terão a perder.
Na verdade, a defesa da criação de um
Estado Palestino, é uma posição assumida por milhares de cidadãos em todo o
mundo que estão mobilizados nessa cruzada.
UNESCO, uma pedra no caminho
“A segurança será sempre precária onde houver o clamor dos
oprimidos”.
Ulysses Silveira Guimarães, político,
PMDB-SP, 1916-1992
E eis que
surge a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura – recomendando a admissão da Palestina na ONU como Estado-membro de
pleno direito. A recomendação foi apoiada por 40 dos 58 membros do Comitê
Executivo.
Outra
vez, Israel criticou violentamente a recomendação afirmando que a mesma é
"contrária ao plano de paz" (Pergunto: Qual plano de paz? Aos dos desdobramentos
sem fim que alimentam a guerra, enquanto Israel persiste ocupando territórios e
mantendo o odioso bloqueio a Gaza?). “Pedidos
para parar assentamentos não são razoáveis”, diz Avigdor Lieberman, ministro israelense das Relações Exteriores, tentando justificar a insistência de seu país em manter a expansão de colônias
em Jerusalém Oriental. Pergunto:
Não são razoáveis para quem?
Washington,
que declarou antecipadamente o seu veto ao pedido palestino de ingressar
na ONU - EUA, Rússia, China, França e Reino Unido detêm o poder de veto no
conselho - mostrou indignação frente à decisão da UNESCO, classificada também como
"incoerente" (!?). Pior é que eles podem retirar seu financiamento à instituição como represália.
Como tudo começou?
Para
concluir esta compilação, faço minhas as palavras da articulista de A Tarde, Tânia Miranda, historiadora,
mestre em educação.
“Que nossas vozes cheguem a todos os recantos
do planeta, multiplicando e amplificando a consciência de que a construção de
um novo mundo
só é possível com o respeito à soberania das nações e à autodeterminação dos
povos, condição para uma vida de paz e liberdade.
A Palestina já esteve sob ocupação inglesa de
1914 a 1947. Nesse ano, as potências mundiais impuseram aos palestinos a
divisão de seu território pela ONU: 57% para os judeus (hoje são 78%) e 43%
para os palestinos (hoje são 22%), sendo que 70% da população era constituída
de nativos palestinos e 30% judeus - na
sua maioria imigrantes recém-chegados.
O Estado Palestino é a afirmação do direito
de um povo que foi erradicado de suas terras ancestrais, que tem resistido de
forma altiva e heróica às covardes agressões, à negação do seu próprio direito
de existir, à prisão de suas crianças, mulheres e idosos
que ousaram se levantar contra a política de assalto ao seu território, ao
roubo de sua água, à destruição das suas
casas e à devastação de suas oliveiras milenares. Já é passada a hora de a
comunidade das nações assumir a responsabilidade e se engajar no equacionamento
desse conflito.
Esperamos que o reconhecimento ao direito
legítimo do povo palestino à soberania e à autodeterminação se sobreponha aos
privilégios feudais, aos grandes negócios petrolíferos, aos superlucros da
indústria bélica, aos controles estratégicos dos mares, a todo o complexo de
exploração e dominação da região, ampliando as possibilidades de uma
paz duradoura no Oriente Médio. É uma questão de humanidade.”