domingo, 22 de maio de 2011

Sobre o homo insanus


DESRESPEITO AO DIREITO DE VIVER
“Quando temos a chance de exercer a crueldade ... viramos uma espécie brutal.SAUL BELLOW, escritor canadense, prêmio Nobel de Literatura de 1976.
Causou-me compaixão ver na TV um bovino trêmulo, agachado sob um arbusto, com a expressão de medo e desespero nos olhos diante do que estava enfrentando e, provavelmente, do que viria a seguir. Aconteceu na farra do boi deste ano de 2011. Todos os anos, centenas de bois são torturados e mortos em mais de trinta comunidades de Santa Catarina. Pior foi testemunhar a revolta dos “farristas” contra a polícia, que interviu para evitar a cruel chacina. Mas o que é a farra do boi? Um dos rituais mais cruéis protagonizado pelo Homo Insanus contra animais indefesos.



Também me causou asco a propaganda de uma marca de cerveja. Fanáticos cervejeiros se lançam de um avião, sem para-quedas, atrás de uma caixa de cerveja e aterrissam ilesos numa cocheira. Um deles vê um boi e exclama: Churrasquinho? – expressando o desrespeito flagrante à vida de outro ser, antecipadamente condenado a morrer para virar petisco.

Pertencemos a uma civilização que se assenta numa montanha infindável dos cadáveres de animais que devoramos, e que se termina num amontoado sem fim de peles, ossos, fezes, vômitos, ânsia, dor, medo formando os dejetos que sustentam e emporcalham a existência humana. A regra é assassinar os mais fracos e desprotegidos para usufruto egoísta. Pergunto. Qual merecimento tem este ser humano de pedir a um deus que o livre do mal? Para lhe implorar proteção contra a violência que grassa no mundo? Para pedir ao semelhante paz e amor se ele se comporta como o mais violento de todos? Entendo, com Leonardo da Vinci, que: "Chegará o dia em que a matança de um animal será considerada crime tão vil e condenável quanto o assassinato de um homem".

E o que basta é abrir mão do hábito egoísta de comer cadáveres, em prol de uma causa maior que exige ética, renúncia, grandeza, generosidade e o respeito incondicional à vida dos demais seres que conosco habitam este mundo. Você já imaginou, alguma vez, um deus, feito à imagem e semelhança do homem, comendo com sofreguidão um filé mignon ou uma picanha gordurosa?